
Vou começar pelo fim: marcas de prestígio fazem você se sentir em paz e protegido. De alguma forma, eu já sabia disto, de tanto acompanhar o que dizem e, principalmente, o que sentem os consumidores.
Mas nada melhor do que reviver, pessoalmente, esta experiência. Há alguns dias, fiz uma ressonância nuclear magnética do joelho. é lógico que é assustador, embora fosse o joelho: entrar naquele tubo com sons que lembram um vídeo-game. Aliás, é um tubo que me recordou as antigas imagens que eu tinha de uma máquina do tempo.
Fiquei lá paradinho, esperando para ver o que aconteceria. Sentindo um friozinho na espinha, é claro. Eis que ao olhar para cima, para a parte frontal e superior do tubo, li escrito em letras bem grandes a marca do equipamento: GE.
Quase que instantaneamente, o frio na espinha sumiu e uma enorme sensação de tranqüilidade tomou conta de mim. Era como se meu pai tivesse segurado no braço do Jaime-menino para atravessar uma rua movimentada.
Aquelas duas letrinhas mágicas me fizeram lembrar de fatos prosaicos da minha vida: minha irmã secando os cabelos, minha mãe passando roupas, minha primeira geladeira. Todos com aquela mesma marca. Lembrei-me também de que, na véspera do exame, havia subido as escadas de um avião, em cujas turbinas estava estampada a mesma marca.
Talvez vocês não acreditem, mas depois de uns quinze minutos de exame, eu cochilei. Talvez a melhor evidência de apoio para traduzir a tranqüilidade que aquilo tudo me inspirou. Que os precipitados não concluam que marcas fortes e de reputação dão sono!
Alguém poderá dizer: “Mas isto só vale para essas marcas muito poderosas, que têm muito dinheiro para gastar, mas não se aplica a negócios médios e pequenos.” O que é uma grande bobagem!
Em primeiro lugar, as grandes já foram muito menores. E em segundo lugar: é de pequeno que se torce o pepino. Depois, não tem jeito mais.
O que as marcas têm para deixar o consumidor tranqüilo e satisfeito por tê-las adquirido?
- Elas não contam mentiras nem prometem o que não são capazes de fazer.
- Elas não são passageiras, que desaparecem no ano seguinte. Ao contrário, elas são como a Sherazade que todo dia tem alguma história nova para contar. E criam laços pouco a pouco, ainda que isto demore 1001 noites.
- Elas têm uma paciência maternal para ouvir os seus consumidores e abrir canais de contato com eles.
- Elas têm programas de comunicação consistentes: o que elas dizem hoje não contraria a história que contaram ontem.
Espero que vocês concordem comigo mesmo sem ter que entrar naquele tubo.